Na contramão do Presidente lula, e sua inteligente declaração de que jornais, revistas, sites e blogs dão azia! Ou seja, “não me venha com fatos novos, já tenho as minhas idéias formadas.”
A tese da professora Cláudia Rodrigues, da Unicamp, constatou que “Blogar é aprender” e a leitura de blogs, é ótima para a educação. Abaixo, os principais pontos do excelente trabalho da professora.
Despertou nos adolescentes o desejo de escrever mais – As discussões passaram a ser estendidas para além da sala de aula.
Duas vias – Trata-se de uma ferramenta motivadora para a escrita, que pode ser usada pelo professor, e que se transforma em espaço de debate para o aluno
Negar o novo – A escola ainda possui resistência em levar para sala de aula gêneros digitais que possam auxiliar o ensino.
Falta de visão – “Muitos (Professores) ainda vêem a internet apenas como um instrumento de entretenimento e não se dão conta de sua utilidade nos estudos e pesquisas.
A escola tradicional não entende o dialeto que os jovens utilizam para expressar suas opiniões nos blogs! Gerando negação ao meio!
A interdisciplinaridade – Os alunos passaram a buscar orientações dos outros professores para embasar as suas opiniões promovendo, desta forma, educação coletiva!
Economia colaborativa – As discussões envolveram também família e amigos dos alunos. Pelo fato do blog ser público, não há limitações de acesso. Em decorrência disto, o aluno se preocupa mais com suas produções porque seu texto não é mais direcionado apenas à avaliação do professor – neste ambiente, passa a ser coletivos!
A entrevista da Professora Cláudia Rodrigues para o Jornal da Unicamp! integra aqui
“Os blogs já se transformaram em ferramenta de otimização do aproveitamento no aprendizado escolar. Na experiência da professora Cláudia Rodrigues, que dá aulas de Redação do ensino médio, a iniciativa mostrou-se mais do que positiva. “As discussões tiveram maior alcance do ponto de vista temático e passaram a ser estendidas para além da sala de aula. Despertou nos adolescentes o desejo de escrever mais”, atesta Cláudia, que apresentou dissertação de mestrado no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) com os resultados da estratégia aplicada em quatro turmas de uma escola em Minas Gerais, em 2007.
Os blogs – espaço de interação na internet que são atualizados periodicamente e obedecem a uma ordem cronológica – consistem em um fenômeno recente, mas que conquistou as mais diferentes categorias de internautas pela própria dinâmica da página. No blog, explica Cláudia, os alunos são colocados em contato com diversas fontes e opiniões e, neste aspecto, pode-se exercitar o poder de argumentação. “Trata-se de uma ferramenta motivadora para a escrita, que pode ser usada pelo professor, e que se transforma em espaço de debate para o aluno”, esclarece.
Segundo a professora, a escola ainda possui resistência em levar para sala de aula gêneros digitais que possam auxiliar o ensino. Na opinião da autora da pesquisa, muitos ainda vêem a internet apenas como um instrumento de entretenimento e não se dão conta de sua utilidade nos estudos e pesquisas. Ela alega ainda o domínio que os jovens possuem com as tecnologias da informação e que isso melhor poderia ser aproveitado no ambiente escolar.
Para Cláudia, um dos grandes entraves para a aceitação do blog como estratégia de ensino seria a linguagem própria que a internet produz. É como uma espécie de dialeto que os jovens utilizam para expressar suas opiniões. Mas “não se trata de substituir a forma de ensinar a norma culta. Ela tem seu espaço já reconhecido, assim como a linguagem informal. A minha proposta é utilizar um novo espaço para otimizar os debates ocorridos em sala de aula e despertar o interesse pela escrita”, explica.
O estudo, orientado pela professora Denise Bértoli Braga, envolveu a produção de 20 blogs. Destes, foram selecionados quatro para a análise de dados da dissertação e justificar a importância do estudo. Cláudia conta que a idéia de inserir os blogs nas aulas de produção textual partiu de uma percepção, ao longo dos anos, de que havia uma carência nos debates realizados em sala e, ainda, em decorrência disso uma limitação nas discussões. A experiência, esclarece, demonstrou que a interação aumentou o interesse pela escrita, assim como os alunos passaram a buscar por orientações dos outros professores para embasar as suas opiniões promovendo, desta forma, a interdisciplinaridade.
As discussões envolveram também família e amigos dos alunos. Pelo fato do blog ser público, não há limitações de acesso. Em decorrência disto, o aluno se preocupa mais com suas produções porque seu texto não é mais direcionado apenas à avaliação do professor – neste ambiente, passa a ser coletivo. “Os alunos dominam os fóruns, chats e msn e sabem o que é e como trabalhar com estes meios. Eles invadiram a vida de todo mundo e não há como fugir desta realidade. A escola pode, portanto, utilizar destes canais como mais uma ferramenta”, declara.