Atualmente as mídias sociais estão fazendo parte de temas em diversas palestras e eventos na área de tecnologia e comunicação. Na última semana, ocorreu a Social Media Week que é uma conferência que acontece simultaneamente em múltiplas cidades ao redor do mundo, e este ano teve sua primeira edição no Brasil Camila Carrano e Cibele Silva me entrevistaram sobre o Mídias sociais e uma sociedade conectada: explorando o impacto na cultura, nas comunicações de negócios e na sociedade como um todo.
Enjoy! Originalmente no excelente blog coletivo “A Bordo da comunicação
De onde surgiu a ideia de fundar a Gaia Criative? Foi uma oportunidade gerada pelo momento atual no qual estamos caminhando rumo a web 4.0 ou realmente foi uma antevisão de mercado, ou seja, uma previsão de que iria surgir uma demanda para gestão de redes sociais na web?
Na verdade “redes sociais” é mais um jargão que daqui a pouco vai estar ultrapassado. Teve o fenômeno da web 2.0 , depois o atual fenômeno das redes sociais, ano que vem terá outro nome, e o que está importando é o relacionamento, é utilizar a web como relacionamento. Eu já tenho uma empresa há 10 anos sobre relacionamento digital, nós que trouxemos o conceito de inteligência digital para o Brasil, que usamos esse jargão primeiramente, dai no começo do ano passado percebi que começava uma demanda para fazer relacionamento utilizando também as redes sociais. Então a Gaia Criative é uma empresa que faz redes sociais, mas na realidade é uma empresa de relacionamento, se o cliente quiser video por video, áudio por áudio, texto por texto, redes sociais por redes sócias, mobile por mobile, email marketing por email marketing, enfim, utiliza todas as vertentes de comunicação. Gaia Creative no final não tem nada a ver com tecnologia, a gente é gente em qualquer lugar, a gente nasceu para se relacionar. A Gaia então é uma empresa de relacionamento.
Qual o papel das mídias socias na web 4.0? Será o que você denomina de Humanidade 4.0?
Na verdade eu tenho uma tese que a primeira humanidade , a 1.0 foi a agrícola, a segunda humanidade foi a industrial, a terceira humanidade foi tecnológica, a quarta humanidade é a cyber espiritual e acho que já passamos dela, estamos na quinta, que é a humanidade da democracia dos produtores de conteúdo, onde as pessoas brevemente, talvez demore uma década – um pouco menos ou um pouco mais – mas as pessoas vão se auto organizar através da internet e vão fazer ações fora dela. Então recentemente estamos vendo o projeto Refresh Everything que é o projeto da Pepsi, que é uma rede social que foi lançada que te dão prêmios se teu projeto for bacana. Tem também o projeto Seti at Home de computadores em redes voluntárias, computadores caseiros tentando achar vida inteligente extraterrestre, enfim tem uma série de ações agora que as redes sociais (seja o que for) nos tornaram simplesmente agentes de mudança. Estamos começando a ter um poder aonde poderemos fazer que um livro seja bom, seja lido, onde poderemos mudar os políticos, onde poderemos mudar as pessoas, onde poderemos mudar o mundo. É nisso que eu acredito.
Como funciona a participação das mídias sociais no âmbito da Sustentabilidade? Quais as formas de viabilização que são realmente factíveis, pois ouvimos falar de várias iniciativas e projetos, mas não existe alguém que confere, acompanha e documenta. Você acha que os resultados são efetivos?
Nesse ponto concordo com você, pelo número de empresas que está dizendo que vai plantar X de árvores para diminuir seu impacto de CO2, daqui a pouco vai ter uma floresta no mundo inteiro.
Então eu concordo que existe ai talvez algumas pessoas que estão usando dessa comunicação na bandeira de sustentabilidade para tentar se passar que estão fazendo a coisa boa. Mas eu acho que esse processo de greentech, tecnologia é o processo que faz com que as pessoas vão se conscientizar de pequenas iniciativas que podem fazer grandes mudanças. Como o projeto dos Indios Online , através desta rede estamos criando inclusão social e digital, e mas também está ensinando para as pessoas que existem formas de viver no mundo, aonde dá pra viver junto da floresta. Isso que eu acho bastante bacana.
Um exemplo, quando entramos no Abordo e clicamos na tag de sustentabilidade percebemos bastantes comentários, pois é um tema que as pessoas gostam bastante. Então pode ser que uma empresa não esteja fazendo ações de sustentabilidade, mas só por ela falar é válida porque as pessoas colocam na cabeça que é importante. É isso?
Eu acho uma evolução das empresas começarem entender, parafraseando David Iocke, ou você parte do problema ou você parte da solução. Então o problema de ser sustentável. É como, por exemplo, porque agora que tem tantas proibições de cigarros tem tantos jovens fumando, porque existe o risco do futuro. Cuidar do planeta vai ser uma questão de cuidar da casa que a gente vive, e as empresas com as forças das redes sociais vão ter que se tornar verde, porque senão vão começar a perder clientes.
A mudança vem no final porque está envolvendo dinheiro. Quer um exemplo, tem um site que se chama GoodGuide , que é o bom guia, é feito pelo Wallmart que estava sendo acusado de ser uma empresa que causava danos sócias quando chegava em um determinado lugar, e montou o bom guia para saber que o produto deles gera emprego, gera sustentabilidade. O wallmart mudou sua forma de pensar, temos que dar o direito das empresas e pessoas mudarem. Outro exemplo, a Petrobras foi considerada a empresa brasileira mais sustentável do país, por uma equipe internacional, acho interessante quando uma empresa de petróleo, que até uma década atrás era a que mais poluía, começa aplicar processos para ser sustentável.
O papel dos profissionais de comunicação, no caso os de Relações Públicas na Web 4.0 não será o mesmo que conhecíamos até pouco tempo. O que deverá (deve) mudar no perfil do profissional que pretende exercer a função de mediador dos diversos tipos de canais de comunicação que existirão na internet? As estratégias das comunicações digitais estão mudando muito rápido, como poderia ser essa adaptação dos profissionais de comunicação?
Eu acho que os profissionais de relações públicas são os mais situados para navegar bem nessa nova era do mundo da comunicação, porque a essência de vocês chama relações públicas e a internet não é nada mais que um grande palco de relações. Então temos que começar a enxergar a internet como uma fogueira onde amigos se reúnem para tocar violão. Acho que Relações Públicas é o que toca o violão, que anima as pessoas que fazem com que elas conversem se confraternizem.
O novo perfil do profissional de RP vai ser como você que faz um belíssimo blog, mas também uma pessoa que faz conexões. Porque é um mundo que alguém tem 3 mil seguidores no twitter, mas será que tem uma conexão forte? Eu acho que o papel do RP é avaliar quais serão as conexões fortes que serão construídas. Eu acho que serão os agregadores de conexões.
Sabemos que as mídias sociais contribuem significadamente para a formação de opinião pública unificada. Você acha que é possivel evitar que este impacto das mídias sociais no pensamento coletivo vire uma forma de manipulação por parte dos gestores das informações?
No meu blog novo, tem um artigo que eu fiz que se chama “Como as ovelhas pensam” dizendo que será que a Madonna tinha muito talento ou porque virou streaming. Ele responde essa pergunta com todos os detalhes.
O texto está disponível aqui:
Fale um pouco sobre a Social Media Week. Em uma mesa sobre sociedade em rede, redes sociais como agentes de transformação, qual a abordagem sobre Sustentabilidade que você levou para integrar a temática Sociedade?
Social Media Week é uma iniciativa em seis países , aqui no Brasil foi capitaneada por quatro jovens sensacionais , o Alexandre Formagio, Diego Remus, Gilberto Jr, Gabriel Pires, e acho muito bacana, são verdadeiros empreendedores sociais que fizeram esse evento.
Acho que a discussão que aconteceu ali que cada brasileiro que fizermos inclusão digital dele, na verdade estamos transformando ele num micro empreendedor, numa nova forma de fazer política, estamos criando mesmo uma verdadeira democracia, aonde todo mundo terá voz. É um dado mundial que apenas 1% das pessoas que estão em rede produzem conteúdo. 4% replicam, e 95% apenas observam. Talvez estamos criando uma nova elite.
A história das bifurcações vai mudando. A sociedade em rede é a sociedade onde as pessoas vão poder, como vou dizer não se importa se você mora no interior do Brasil, mas se você é um cara que tem um computador e tem boas idéias você vai poder ser escutado. E isso é muito bacana.