“Você caminharia durante semanas por todas essas ruas, consultoria dez mil guias e mapas, perguntaria o caminho a todo mundo e jamais entraria na cidade. Então, essa cidade que coisa enervante, onde ela está?” Bem vindos a imensa e confusa cidade chamada Cibercultura, onde as ruas ainda não tem nomes.

Observo, que inúmeros profissionais, sofrem de “analfabetismo digital” na Cibercultura foi tudo tão rápido que não deu tempo de fazer um manual de boas maneiras, guias ou coisa do gênero.

Há pouco tempo atrás, fomos chamados por uma reunião em uma famosa multinacional. Na primeira reunião, uma entusiasmada profissional desta empresa declara; “Nosso e-mailing possui quase 250.000 nomes, e nós precisamos fazer uma ação urgente para alavancar vendas.”

Na hora percebi, lá vem mais um grande projeto de planejamento estratégico intitulado “Ai, meu Deus é para ontem

Pela enésima vez, expliquei “Olha. a Internet não é apenas uns programinhas, não é baratinha, não é tão rapidinha! Precisa fazer deduplicação de emails, merge e purge, testes!

Ah, e tem mais, email é uma comunicação de duas vias – você manda algo para alguém e muitos te devolvem de volta.”

Um silêncio inquietante pairou na sala de reunião, olhos assustados, semblantes de dúvidas, mãos em devaneio e eis que surge uma “brilhante” resposta. Não temos tempo para fazer a limpeza da base, porém não se preocupe nossa base está perfeita. Enviaremos hoje! E temos aqui uma estágiaria apelidada de “terrible enfant” ela responderá todos os emails.

Respirei fundo, serenei minha mente e respondi; “Entendo a pressa de vocês, porém pela experiência que temos entre 7 a 30% das pessoas que recebem email pela primeira vez de uma marca famosa, tendem a responder e questionar algo. Vocês realmente acreditam que a estagiaria será capaz de responder tudo?”

Em minhas derradeiras palavras tentei gesticular como Fidel Castro, ser contundente como Efraim kapulsky, ser intelectual como FHC, porém minhas palavras foram em vão, ninguém convenci. No dia seguinte a campanha foi disparada.

Dos quase 250.000 e-mails disparados, 17.135 enviaram e-mails de volta. Perguntas triviais como “Vocês fazem testes em animais?” ou “Qual a loja mais perto do bairro X, aqui na cidade de Porto Trombetas onde encontrarei seus produtos?

Está ação aconteceu, para promover vendas em um fatídico “Dia das Mães”, até o ultimo Natal ainda não haviam respondidos todos os emails. (Gragalhadas)

Uma prospect chamada “Anita” enviou um email – digamos – extremamente irritada; “Boa forma de começar o relacionamento comigo, gostava muito da marca de vocês, escolhi o perfume X para dar para minha mãezinha, porém decidir não comprar nada, pois fico com receio que vocês possam esquecer algum detalhe do produto,” (mais gargalhadas)

Pois, vocês esqueceram um I, no meu nome! Eu não me chamo ANTA e sim ANITA. E agora, sim, vocês vão saber o que é um LEOA enfurecida.
Depois deste e-mail a Estágiaria demitiu-se e prestou um novo vestibular para oceanografia (rolando de ri) 😉

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